quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Cordel de Moda (Arte e Cotidiano na Feira de Caruaru)

     Eu gosto muito de literatura de cordel (e tudo que é arte nordestina), mas ultimamente estou muito
envolvida com o processo de produção porque meu marido, Ricardo, escreve e eu o ajudo na arte, revisão e
algumas adaptações. 
     Estou tão apaixonada que até me veio um pensamento atrevido de tentar escrever um sobre moda.
Procurando se havia algum (e já crente que não), logo na primeira pesquisa no google, descobri um que me
fez desistir antes de tentar começar o meu. rs  
     O mais legal de tudo foi que o tema do cordel (que não se resume somente ao cordel, mas todo um
trabalho jornalístico e científico) é sobre a maior feira ao ar livre do mundo: a de Caruaru, mais precisamente,
a da Sulanca. Só lembrei da minha infância e da alegria que era quando a tal feira vinha, se não me engano,
no último domingo do mês. Era uma festa. ahahahah
     Acho que é difícil haver um nordestino que já não tenha comprado algo nessa/dessa feira. 
     Mas vou deixar a nostalgia de lado e passar ao cordel que é de autoria de uma jornalista e blogueira
conhecida de vocês, a Helô Gomes do Sanduíche de Algodão (já tinha ouvido falar mas não conhecia o blog,
podem acreditar rs).
     A Helô arrasou no Cordel, fiquei encantada (sem trocadilho). 
     Abaixo a capa fofa do TCC dela e logo a seguir o texto.

eu quero!




Em cada feira roda
De real, mais de milhão
90% em nota viva
Pra facilita a transação
O resto é pré-datado
À vista ou no cartão

Não se avexe meu leitor
Que têm mais informação
37% da mercadoria
É lá toda produção
E 68% dos comerciantes
Em Caruaru, tem habitação

Moda é uso, estilo
É tipo passageiro
É gosto e capricho
“Sempri” de estrangêro*
Meu prezado, limpe a vista
Vô falá de brasileiro

Vestir, calças e falar
É cultural ou ligeiro*
Só que em Caruaru
Moda chega primeiro
Qui criatividade
Não falta pros costureiro

Pr’ajudá no passeio
Caruaru, na cidade
Tem coisa di pioneiro
É Feira do Calçado
Que pra vendê sapato
É o mais barateiro

O sapato s’inventô
Antes di vir o senhô
O querido Salvadô
Foi pelas pirâmide
Pro lado do Egito
Que o hómi se calçou

Mas Sulcana resolve
E deixa as donzela no riso
Com blusa, saia,jaqueta
Bata, top, vestido
Com bolero, camisa ou saia
Estampado, ou liso

Tem também decote
De canoa, em V e lua
Junta c´o short de lycra
Pra moça fica mais nua
Ai ela ta prontinha
Já pra ir pra rua

Pra si infeitar também
A moça acha o que queria
Trancelim, corrente e brinco
Pra embelezá seu dia-a-dia
Tudo isso ela encontrou
Na parte da Bijuteria

Lá tem banca, tem banquinha
Pra muié s´embelezá
Bolsa e cinto de tachinha
Com colar pra s´enfeitá
Soma aí, mais o Ray ban
Pra homarada se oriçá

Na Grécia, em Creta a
Lingerie apareceu
No século dezoito
Foi que amoleceu
Saiu metal e madeira
Veio barbatana de baleia

Na feira de Sulanca
Cabra sabe é não
Quanto qui tem na banca
Que lingerie é de montão
Só sabe que por peça
Faz de 10 pra cliente bão

Foi na Idade Média
Qui´a bolsa de mão surgiu
As coisas não dava no bolso
Aí, a muié refletiu
Pra roupa colar no corpo
De bolsa se serviu

A bolsa evoluiu
Custando bem mais xerém
Por causa de belezura
Pois não engana ninguém
Funcionalidade, qualquer uma
De um jeito ou de outro sempre tem

Muito se escreve da
moda e seu roteiro
Da roupa, biju e calçado
Só que compra o sacoleiro
Outros tipo de moda
Como música e cheiro*

Tem muito ritmo
Como di andar e falar*
Mas o caso aqui
É o que faz dançar
È baião, Xaxado e xote
Na festa mais popular

A história do perfume
É mais ou menos assim:
Os hómi chamava deus
Queimava erva até o fim
Por causa de fumaça,
Surgiu “per femum” do latim

Perfume virou negócio
E ganhou monte de sinônimo
Pomada, aroma,xêro
Furo até camada de ozônio
Com ele que Cleópatra amô
Julio Cézar e Marco Antônio

A Caruaru está
555 metro acima do már
Num planalto elevado
De clima semi-árido
O sol fica di rachá
E chapéu é bom di usá

Chapéu se tira na hora
De almoça ou janta
Quando encontra moça
E no momento de reza
Taí o caso do chapéu
Que acabei de contá

Pra contar a historia
Dessa cidade festeira
Usei um recurso
Feito na madeira
Junto com a literatura de cordel
Escrevi sobre a feira

Além de fortalecer
Folclore nacional
É hábito de leitura
E só custa um real
Aproxima o leitor
Com o texto coloquial

Partindo do sapato,
Vamos até o chapéu
Com história e anedota
Tudo em cordel
Mostrei a moda
E gente pra dedéu

Registrei a moda
Na maior feira artesanal
E quem for a Caruaru
Faça o principal
Visite o museu do cordel
E prepare o cheque especial





Se alguém souber onde posso encontrar esse trabalho, gritaí que eu quero muito!




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